Anos de Chumbo: O Movimento Político Estudantil e a Ditadura Militar no Crato
Efetivamente, o livro que você tem em suas mãos permite-lhe modificar o conhecimento sobre a história do Crato, vendo-a de um ângulo até então ausente da historiografia local. Os seus oito capítulos – mais os anexos – refletem e condensam anos de pesquisas de arquivo combinadas com uma oitiva de testemunhas que só enriquece o presente trabalho. Doutro lado, a valorização dos aspectos iconográficos ajuda magistralmente na recuperação dos detalhes de uma época que ameaça escapar entre os dedos da memória.
Em suma, contraposto ao riso dos generais, Jurandy Temóteo enfatiza a dor, mas também a luta, do bancário, do estudante, do resistente, enfim. Não estamos ante uma narrativa exclusivamente da truculência do sistema de poder militar, mas igualmente de uma história lapidar de resistência estudantil-popular. A emergência dos militares à vida pública não se fez sem a sua contraface. É disso que trata o autor de “Anos de chumbo...”. Os seus protagonistas não têm três ou quatro estrelas, mas souberam iluminar o caminho com os seus versos, panfletos, editoriais, pichações, encenações e mobilizações de rua, e sem jamais desistir ou retroceder, pisaram as mesmas pedras que foram pisadas por Bárbara de Alencar e os insurretos de 1817, em nome da Liberdade.
Fábio Cavalcante Queiróz
